domingo, 20 de junho de 2010

Sem quórum para votação da PEC 446, representantes sindicais de todo o Brasil forçam líderes parlamentares a marcar nova data

Uma comitiva formada por dirigentes do Sindpoc e outras caravanas de sindicatos de todo o Brasil estiveram na Câmara Federal em Brasília nos dias 15 e 16 de junho para pressionar os parlamentares a votar pela aprovação da PEC 446. Depois de muita pressão das categorias das policias, ficou definido pelo líder do governo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) uma nova data para discussão da PEC, dia 22 de junho. Já foi confirmada que essa comitiva estará no dia 22 de junho em Brasília.

A comitiva do Sindpoc se uniu aos demais representantes sindicais e da Associação de Policiais Militares, do Corpo de Bombeiros e da Cobrapol para acompanhar a votação da PEC 446. De acordo com Bernardino Gayoso, secretário geral do Sindpoc, o deputado Vacarezza prometeu as lideranças sindicais no dia 12/06 que a votação da PEC 446 sairia junto com o projeto do Pré-Sal.

Ainda segundo Gayoso, como não havia quórum suficiente para aprovação de emendas constitucionais houve um momento de tensão com empurrões e ameaças de invasão partida por representantes dos policiais militares, “mas foi de imediato restabelecido a calma devido à atuação doas lideranças dos policiais civis que optaram pelo entendimento e não pela violência”.

O secretário do Sindpoc explica que a pressão dos sindicalistas provocou reuniões de emergências e proporcionou o entendimento com os parlamentares. “Já que o deputado Michel Temer não encontrava-se no país, as reuniões foram para acertar a nova data para que a PEC 446 entre em votação juntamente com o projeto do Pré-Sal. O que ficou definido pelo líder do governo deputado Candido Vacarezza foi uma nova data para o dia 22 de junho”.

Além do pronunciamento do deputado Candido Vacarezza que assumiu em plenário o seu compromisso de votar a PEC 446 na próxima terça-feira dia 22 de junho, as representações sindicais aproveitaram o momento para pedir apoio também aos deputados.

Diversos parlamentares foram abordados pelos corredores da Câmara Federal e se comprometeram em votar o projeto, a exemplo do deputado bispo marinho, Pelegrino (PT/BA), Luiz Alberto (PT/BA), Julieta do Acre, Gedel Vieira (PMDB/BA), Bassuma (PV/BA), Vicentinho (PT), Coubert Martins (PMDB/BA), Ângelo Magalhães (DEM/BA) e tantos outros que foram cobrados a responsabilidade e compromisso para o projeto que cria o piso salarial nacional.

Fonte: http://www.sindpoc.org.br/noticia_313.html

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Racismo nas abordagens é marca da PM, diz major negro

Na contramão do comandante da PM paulista, coronel Álvaro Camilo, que nos casos dos assassinatos dos dois motoboys negros, negou a existência de racismo na institutição, o major negro Airton Edno Ribeiro, chefe da divisão de ensino do Centro de Altos Estudos de Segurança (CAES), afirma que o racismo é uma das marcas da corporação.

“É preciso dar ênfase no respeito à dignidade humana dos negros nas abordagens, o que exige mudança do modelo conceitual de gestão educacional”, acrescentou, em entrevista aos repórteres Luciano Cavenagui e Tahiane Stochero, do Diário de S. Paulo. O major está, no momento, em Madri, Espanha, fazendo curso de especialização.

Racismo na PM

Para fundamentar a afirmação citou a dissertação de mestrado que tem como título “A Relação da Polícia Militar Paulista com a Comunidade Negra e o Respeito à Dignidade Humana: a Questão da Abordagem Policial”, apresentada por ele no final de 2009 na Universidade Federal de S. Carlos.

Na tese defendida por ele, de 129 páginas, pela qual ganhou o título de Mestre em Educação das Relações Raciais, o major menciona diversos livros sobre o tema, pesquisas de institutos e levantamentos feitos por iniciativa própria. Foram ouvidos 50 cabos e soldados, que admitiram que, antes de entrarem na PM, achavam que havia preconceito contra negros. Depois de ingressarem não achavam mais: tinham certeza.

As famílias dos dois motoboys assassinados – um dos quais, Alexandre Menezes dos Santos, na frente da própria mãe, e outro, Eduardo Luiz Pinheiro dos Santos, sob tortura no Quartel da Companhia da PM na Zona Norte – disseram que, na violência que resultou nas mortes, a condição racial de ambos foi determinante.

Cultura racista

Segundo o major Edno, o preconceito existente na corporação está ligado a cultura organizacional. “Não foram poucos os relatos dos participantes da pesquisa sobre a herança histórica de perseguição aos negros pela polícia”, disse .

O oficial, que já havia revelado os dados do estudo no Congresso de Advogados Afro-Brasileiros promovido pela OAB/SP, em julho do ano passado, lembrou a pesquisa de caráter nacional “Discriminação racial e preconceito de cor no Brasil”, realizada em 2003 pela Fundação Perseu Abramo. Na pesquisa 51% dos negros declararam que já sofreram discriminação da polícia, percentual que cai para 15% quando a mesma pergunta foi feita aos brancos.

Os dados e o estudo do major foram objeto de matéria da Afropress de 04 de julho do ano passado e agora são abordados por veículos da grande mídia.

Dos negros vítimas de preconceito, 78% disseram que foram discriminados por policiais brancos. Foram ouvidas 5.003 pessoas com 16 anos ou mais em 266 municípios. As entrevistas foram feitas nas residências dos consultados, com duração média de 60 minutos.

A violência e racismo também aparecem relacionados no Mapa da Violência 2010, em que são analisados os homicídios entre 1997 e 2007. O estudo indica que um negro tem 107,6% mais chances de morrer assassinado do que uma pessoa branca.

Em S. Paulo, levantamento do Departamento Penitenciário Nacional, feito em dezembro de 2009, mostra que os negros representam 50,46% da população carcerária.

Fonte: Afropress