domingo, 24 de janeiro de 2010

Policial no BBB levanta polêmica sobre estrutura da PM para abrigar mulheres


A polêmica gerada a partir da participação da soldado da PM baiana Anamara Cristina de Brito Barreira, 25 anos, no Big Brother Brasil 10, está servindo para tornar público deficiências das corporações militares em relação a estrutura física de suas unidades para abrigarem as policiais femininas. Além da estrutura física, as mulheres, que representam cerca de sete mil dos 30 mil integrantes da corporação na Bahia, ainda precisam driblar o uso de equipamentos que não são adequados às formas femininas.

O presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar (APPM), soldado Agnaldo Pinto, destaca que as mulheres encontram dificuldades dentro da corporação. “Na maioria dos batalhões, não há áreas reservadas para as mulheres. Elas precisam ficar combinando hora para tomar banho, trocar de roupa, é humilhante”, diz. Entre os praças, dos 7,3 mil associados da APPM, 600 são mulheres.

Chamada de vagabunda

A polêmica esquentou ainda mais após ter sido divulgada na imprensa a frase “Essa vagabunda está expondo a corporação”, dita pelo major Sílvio Correia, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, sobre a soldado Anamara. A vice-prefeita de Juazeiro, Maria Gorete, divulgou nota repudiando as declarações do major. “Não posso me calar. Li, chocada, as declarações preconceituosas e extemporâneas de um major da polícia sobre a nossa juazeirense Anamara”.

O diretor de comunicação da PM, coronel Hélio Gondim, reconheceu a existência dos problemas estruturais para as mulheres da corporação. “O que posso garantir é que há uma preocupação do comando para atender às especificidades de cada militar”, afirma. Já o presidente da APPM Agnaldo Pinto critica a postura da corporação. “O pior é que sabemos que a polícia não vai resolver os problemas estruturais tão cedo. O coronel Gondim afirma que existe um grupo da PM, o Maria Felipa, responsável por desenvolver políticas para as policiais femininas.

O tenente Everton Uzêda Lima, que pertence à Força Invicta, mostrou-se preocupado com as declarações do presidente da associação dos oficiais. “A Anamara é baiana e temos que apoiá-la para que consiga vencer. O major falou de forma discriminatória sobre a policial. Na nossa corporação não tem isso. No estatuto da PM não consta diferença de tratamento para a mulher”, argumentou.